O setor de saúde, como mercado, cresceu e se transformou. Há cerca de uma década, os grupos privados internacionais crescem na área e dominam cada vez mais a Saúde brasileira. Haja vista a recente união entre Hapvida e Intermédica e a chegada da Rede D’Or que juntas somam mais de R$ 100 bilhões em valor de mercado, fazendo com que ambas estejam no seleto grupo das 15 maiores empresas na Bolsa de Valores.
A perspectiva era que a chegada destes grupos pudesse contribuir para a valorização do setor, mas essa perspectiva foi frustrada. Com maior poder de barganha, eles se adequaram ao mercado e impuseram redução de direitos. Com raras exceções - médicos e alguns cargos administrativos - a categoria continua estigmatizada, trazendo ainda o peso do voluntarismo retrógrado. Tanto as condições salariais como as condições de trabalho são ruins e preocupantes.
Sim, temos a falta de investimentos no setor que faz com que os hospitais não consigam equipar adequadamente os estabelecimentos, mas também temos, em muitos casos, uma péssima gestão dos recursos. Registre-se que na saúde temos uma das piores distribuições de renda do Brasil. E foi assim que a pandemia pelo Sars CoV 2 encontrou esses trabalhadores.
Sem salários e sem condições de trabalho adequados. Temos só no Estado de São Paulo mais de 700 mil trabalhadores na área da saúde somente nas esferas particular e filantrópica. Número que pode duplicar, computada a rede pública. E é essa legião de profissionais que está à frente da guerra travada para combater a pandemia provocada pelo coronavírus. Depois de mais de um ano, o sofrimento é muito grande e muitas vidas foram perdidas.
É uma batalha que está longe de ser vencida, mas que é enfrentada por estes profissionais da saúde. A população entende o esforço da categoria e aplaude o seu esforço, profissionalismo e dedicação. Os representantes dos profissionais da saúde, enfrentam uma odisseia junto aos estabelecimentos e órgãos governamentais em busca de melhorias que façam justiça aos trabalhadores.
Para ampliar a campanha da valorização, a Federação Paulista da Saúde criou a campanha “Salário digno é o melhor aplauso”. Ela envolve os 13 sindicatos filiados à Federação e também pede o apoio da população para as lutas e reivindicações, dentre elas o direito ao adicional de insalubridade em grau máximo (40%) e aprovação da jornada de 30 horas e do piso salarial para a categoria - PL 2564/2020 - pronto para ser colocado em votação no Senado Federal.
Precisamos que os brasileiros transformem em ação os aplausos dedicados a categoria, enviando mensagens de apoio ao projeto aos senadores. O melhor aplauso que podemos pedir aos gestores da saúde brasileira são salários e condições dignas de trabalho.
Edison Laércio de Oliveira Presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo